Sustentabilidade

Cidades-esponja são aposta para enfrentamento da crise climática

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A cena se repete com cada vez mais frequência: cidades litorâneas assoladas pelo avanço do mar, inundações no interior devido a temporais, furacões ou ciclones de escalas preocupantes. Lidando com períodos que se alternam entre tempestades e secas extremas, as maiores metrópoles do mundo correm contra o relógio e buscam maneiras de lidar com os efeitos da crise climática, começando pela água.

A ideia das “cidades-esponja” surge justamente no horizonte como uma possibilidade de transformar centros urbanos em reguladores naturais dos recursos hídricos, capazes de absorver ou liberar a água das chuvas armazenada de acordo com a necessidade de seus habitantes e do próprio ecossistema.

“Se você tem maneiras sábias de lidar com inundações, a água também pode ser amigável”, é o que sempre diz o arquiteto Kongjian Yu, reconhecido como o idealizador das cidades-esponja. 

O conceito defende a redução no uso de superfícies impermeáveis como o concreto e o asfalto, que retêm a precipitação das chuvas sem dar a ela um escoamento adequado, em favor de tecnologias mais inteligentes que incluem jardins de chuva, coberturas verdes e parques ao longo do leito de rios.

Mais do que a simples drenagem, tais estratégias agradam até os mais pessimistas por garantirem o fluxo natural da água (ao contrário dos tradicionais bueiros e sistemas de esgoto), tornando-a mais limpa e viabilizando o uso posterior em residências e equipamentos urbanos.

De acordo com números divulgados pelo jornal The Guardian a partir de uma pesquisa da Universidade Johns Hopkins, quando cidades aumentam sua cobertura do solo em 1%, a magnitude anual das inundações em cursos d’águas próximas aumenta em até 3,3%.

Entre os países que popularizaram o conceito está a China, que anunciou planos para reciclar até 2030 cerca de dois terços das águas de chuva em 80% de seu território. Um dos projetos mais animadores de contenção da crise climática já pode ser visto ao longo do rio Yangtze, na cidade de Wuhan, onde seis quilômetros do leito foram revitalizados para receber 45 mil novas árvores, milhares de metros quadrados de arbustos, 15 campos de futebol e sete piscinas.

Como resultado, hoje o parque sequestra 725 toneladas de dióxido de carbono ao ano e consegue reduzir as temperaturas do entorno em cerca de 3º, além de oferecer um importante espaço público para seus moradores. Apesar de exigirem grandes investimentos e paciência para os resultados a longo prazo, as cidades-esponja são uma alternativa eficiente para o planeta e para as pessoas.