Espaços públicos

Metaverso se torna hub de inovação e criatividade para arquitetos

Reprodução: Shutterstock

Sem leis da gravidade, regulações urbanas ou orçamento apertado, o metaverso mal foi lançado e já se tornou para alguns arquitetos a oportunidade perfeita para poder criar sem limites e apresentar seu trabalho para o mundo.

A plataforma virtual ganhou os holofotes desde a divulgação pela empresa Meta, de Mark Zuckerberg, e já conta com adeptos renomados como o escritório britânico Zaha Hadid Architects. O time de profissionais projetou não um edifício, mas sim uma cidade inteira com a chamada Liberland Metaverse. A proposta contará com prefeitura, espaços de trabalho e lotes que possíveis compradores poderão adquirir para poder por lá “viver” com seus avatares.

Outro projeto que ganhou destaque nas plataformas de arquitetura foi o The Row, empreendimento imobiliário exclusivo para membros. Concebidas por artistas visuais, as 30 construções são comercializadas como NFTs (itens digitais únicos e autenticados) e desafiam as arquiteturas tradicionais ao propor volumetrias impossíveis e usos radicais para o espaço da casa.

A originalidade, porém, nem sempre é uma característica tão valorizada assim no metaverso. Em Tóquio, no Japão, o icônico edifício Nakagin Capsule Tower foi imortalizado com sua réplica fiel em 3D. O projeto físico, dos anos 1970, ganhou fama ao propor moradias de pouco mais de 10 m², porém teve de ser demolido este ano devido aos riscos de segurança e hoje alimenta a nostalgia dos admiradores com sua versão virtual.

Há quem também tenha deixado de lado o fator criativo ou autoral. Desenvolvido por FAR, arquiteto exclusivo de ambientes digitais, o projeto SOLIDS usa algoritmos generativos para desenvolver mais de 8 mil edifícios únicos, porém provenientes de um mesmo cálculo matemático. 

“Os processos de erguer um edifício no mundo físico são diferentes dos de erguer um no mundo virtual. Não temos de lidar com gravidade, por exemplo, mas lidamos com tamanhos de arquivo. O objetivo é o mesmo: criar um ambiente adequado para os seres humanos”, explica o arquiteto.

A inovação das criações no metaverso não veio, porém, sem polêmicas, e o que parece ser uma incubadora de boas ideias é para muitos dos críticos um buraco sem saída que tem transformado a arquitetura em um mercado puramente de imagens, dispensando sua principal característica: sua capacidade de impactar e surpreender os sentidos.