Arquitetura e Mercado

Com 35% de casas desocupadas, bairro do Pacaembu demanda revitalização

Há vinte anos sediado no mesmo imóvel, vizinho ao estádio do Pacaembu, o Studio Arthur Casas observa há anos o esvaziamento do bairro que já foi um dos mais desejados pelos paulistanos. O tamanho dos lotes e os preços de IPTU levaram à debandada das gerações mais jovens, deixando centenas de imóveis vazios e uma atmosfera de insegurança.

No contexto da revisão da Lei de Zoneamento, aprovada em janeiro, a equipe do escritório dedicou-se a elaborar uma proposta para as ZCOR, zonas de corredor que ficam nas bordas do bairro. O objetivo foi promover o adensamento por meio do desmembramento dos amplos terrenos, respeitando a granulometria — uma restrição existente por conta das premissas encontradas na matrícula primitiva, impostas pelas loteadora original, a Companhia City.

Pela nova proposta, os terrenos hoje destinados a apenas uma moradia seriam direcionados para a construção de várias casas, em modelo de condomínio horizontal, mantendo características do bairro como verticalidade e áreas verdes.

“Incorporadoras reativaram áreas perto do Shopping Iguatemi, e o mesmo poderia ocorrer no Pacaembu”, afirma o diretor de projetos do Studio Arthur Casas, Gabriel Ranieri. Embora a nova Lei de Zoneamento da cidade de São Paulo permita que a proposta seja colocada em prática, a limitação para desmembramento dos lotes imposta pela Companhia City cria insegurança jurídica para a implantação das mudanças. “A sociedade evoluiu e mudou a compreensão do termo unifamiliar, em que se apoia a restrição. Mantê-la vai na contramão do adensamento e do desenvolvimento da cidade”, diz Ranieri.